terça-feira, 26 de abril de 2016

Abril Verde, Acidentes do Trabalho e o Desgoverno.


“Os acidentes são acidentes apenas para os ingênuos. ” George Satayana

“É melhor prevenir do que remediar. ” Anônimo

”Não existe melhor cura que a prevenção” Sandro Kretus


O dia 28 de abril foi instituído, em 2003, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como o Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho, em memória 

às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Cerca de 2,34 milhões de pessoas morrem todos os anos no mundo vítimas de acidentes de trabalho e doenças relacionados ao ofício, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). No Brasil foram registrados 717.911 acidentes, 2.814 óbitos e 16.121 incapacidades permanentes, de acordo com os índices mais recentes, de 2013, do Anuário Estatístico da Previdência Social, que inclui apenas trabalhadores com registro em carteira.

Além de sobrecarregar o sistema público de saúde, os acidentes de trabalho também impactam as despesas previdenciárias com o aumento nos pedidos de benefícios como auxílio-doença, pensão por morte, aposentadoria por invalidez e auxílio-acidente. Somente em 2014 foram mais de R$ 10 bilhões gastos com vítimas de acidentes de trabalho. Já entre 2008 e 2013, essas despesas somaram mais de R$ 50 bilhões. (*)

Nos últimos 10 anos os acidentes do trabalho dobraram, o país que teve uma fase de crescimento não fez nenhuma melhoria no sistema de fiscalização que já era precário, o ministério do trabalho fez o que pode com seus quadros mal dimensionados. Os sindicatos por sua vez tiveram um papel bastante tímido na qualidade de vida do trabalhador. E as empresas, sim as empresas foram obrigadas a gerar documentos infindáveis para se protegerem das ações trabalhistas crescentes.

Ao findar destes quase 14 anos de governo, muito pouco foi feito pela prevenção de acidentes, as causas reconheço são complexas, mas a inoperância governamental, somada a uma formação técnica e gerencial limitada nos trouxeram-nos a uma situação de incapacidade de avanços na área de prevenção. Mas em todas as questões que as responsabilidades são compartilhadas, vira um grande jogo de empurra-empurra. Perdemos uma bela oportunidade de fazermos o enfrentamento desta questão social tão importante. Mas em vez de trabalhar na causa, vejo vários economistas dizendo que a reforma da previdência é importante por causa do déficit. Ora, mas este déficit é causado pelo baixo investimento feito em segurança do trabalho, poderíamos salvar algo como 10 bilhões apenas em 2014.

Nossa indústria está ficando obsoleta, nossos operários vão ficando cada vez mais expostos aos riscos. Como sermos competitivos no mercado global, com uma mão de obra não preparada para as questões de prevenção, a produção se impõe sobre a segurança e a falta de capacidade gerencial, acabam se somando neste contexto, que gera mortes e incapacidades temporárias e permanentes.

O sonho prevencionista de ter um Brasil mais seguro, vai ficando para trás, falta-nos políticas públicas e coragem governamental, é preciso antes de mais nada sermos ousados e inovadores no processo de criarmos uma nova realidade nos ambientes de trabalho. Muito se fala sobre o tempo de contribuição, mas o problema não está aí, sem as condições ideais de segurança o trabalhador se adoece, se acidenta e quando chega a completar o tempo de contribuição, está muitas vezes com os dias contados devido a exposições elevadas aos agentes de risco presente nos ambientes de trabalho.

Mas vamos saudar a memória das vítimas e saber que o Brasil e um dos grandes contribuintes para os números globais. Será preciso repensar o que está sendo feito hoje no Brasil em relação aos acidentes do trabalho. No meio da discussão política e econômica, temos razões de sobra para afirmar que as causas não estão sendo tratadas apenas seus efeitos. Precisaremos do compromisso do empresariado, dos governos, trabalhadores, escolas e universidades para reverter este quadro sombrio, que mata e mutila a nossa força de trabalho, fazendo que sejamos um país com produtividade baixa e por sua vez não compete em condições de igualdade com as nações mais desenvolvidas. Fica aqui o meu desejo que a segurança, entre na pauta de um novo país. Que Deus nos proteja.

Adeildo Caboclo é professor, palestrante, consultor de empresas e escritor. E-mail: diretoria@flapbusiness.com.br - Visite: www.adeildocaboclo.com.br



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